terça-feira, 2 de outubro de 2018

Visita A ARTE CONTRA A DISCRIMINAÇÃO



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Sofia Vilarigues
 Sofia Vilarigues
                                                                        Sofia Vilarigues
                                                                       Sofia Vilarigues

Momentos e imagens da visita organizada pelo Grupo Escola Intercultural e Departamento de Professores Aposentados do SPGL à Quinta do Mocho e à Quinta da Fonte no passado dia 29 de Setembro.

domingo, 23 de setembro de 2018

A ARTE CONTRA A DISCRIMINAÇÃO


O Grupo Escola Intercultural e Departamento de Professores Aposentados, promovidos pelo SPGL, organizam no dia 29 de setembro de 2018, pelas 10h, uma visita guiada à Galeria de Arte Pública na Quinta do Mocho. Segue-se um almoço típico de comida africana e um espectáculo de teatro, na Quinta da Fonte, na Apelação. Uma oportunidade única para se conhecer realidades – diversas e ricas - que em geral se mantêm ocultas, sob o manto do estigma e do gueto.

A Quinta do Mocho, bairro situado a norte de Sacavém, concelho de Loures, alberga cerca de 2800 moradores e a Quinta da Fonte, na Apelação, com cerca de 2500 moradores, são, por excelência, palcos de uma diversidade de culturas provenientes maioritariamente dos países de expressão portuguesa e da etnia cigana.

O Teatro Ibisco e a Câmara Municipal de Loures organizaram dois festivais “O Bairro i o Mundo” na Quinta da Fonte em 2013 e no Bairro da Quinta do Mocho em 2014. Desses eventos nasceram galerias de Arte Urbana nos respetivos bairros, visitados por alunos de vários graus de ensino, universidades, instituições, visitantes nacionais e estrangeiros.

“Mostrar o bairro ao mundo e trazer o mundo ao bairro” era o mote destes Festivais que deram origem a galerias de arte a céu aberto com mais de 60 empenas de prédios pintadas por artistas nacionais e estrangeiros.

Nesta visita assistiremos a uma peça de teatro, com jovens artistas de ambos os bairros, promovida pelo Teatro IBISCO (Teatro Interbairros para a Inclusão Social e Cultura do Otimismo), uma associação criada há 8 anos como projeto artístico e cultural para a inclusão de jovens de algumas zonas mais problemáticas do concelho de Loures.

10h00 - Ponto de encontro: Urbanização Terraços da Ponte, Casa de Cultura de Sacavém.
Visita à Galeria da Quinta do Mocho.
13h00 - Almoço: Cachupa (prato de Cabo-Verde: milho, feijão, batata doce, couves, carne e enchidos). Caldo de mancarra (prato da Guiné: frango, molho de amendoim); Prato de peixe grelhado ou prato vegetariano ou outro à escolha. Bebidas incluídas.
NOTA: é necessário escolher previamente o prato
15h00 - Saída para a Quinta da Fonte
Apresentação do projecto Teatro IBISCO, no Centro Comunitário da Quinta da Fonte.
16h00 - Apresentação de “Homi ma mufunado na mundo” (O homem mais azarado do mundo) - representação por jovens do Teatro Ibisco.
Preço: 20€
Inscrições: até 26/9 (quarta-feira). Deverá ser indicado o prato que se deseja no ato de inscrição.

Contactos:
Sílvia Baptista. Tlm: 914 127 589 / Mail: silviabap@gmail.com

segunda-feira, 11 de junho de 2018

“O que é ser cigano”


O Grupo Escola Intercultural, promovido pelo SPGL, organizou no passado dia 8 de junho uma sessão sobre crianças ciganas inseridas no sistema educativo português, com Luísa Lobão Moniz.
Luísa Lobão Moniz tem um vasto currículo. Curso do Magistério Primário, licenciatura em Educação na área de Animação Sociocultural, mestrado em Relações Interculturais, doutoramento no ramo de Educação, na especialidade Educação/ Interculturalidade. Foi diretora e coordenadora de uma escola do 1ºciclo. Trabalhou os Direitos da Criança na Comissão de Protecção de Menores da Zona Oriental de Lisboa. Foi responsável pelo projeto Entreculturas e Coordenadora do projeto TEIP no Agrupamento de Escolas Damião de Góis. Membro do Conselho Pedagógico do Centro de Formação António Sérgio. Responsável pela elaboração, candidatura e concretização do projeto do Programa Escolhas para o Bairro do Armador em Chelas, Lisboa. Destacada no IAC/ SOS Criança, responsável pelo projeto “Bom dia, SOS Criança”. Foi ainda coordenadora do projeto “Ir à Escola”, para alunos de etnia cigana.
Os meninos ciganos são vítimas de uma representação que as pessoas têm”, afirmou a oradora a iniciar a sua apresentação.
Depois da passagem de um curto vídeo pondo em causa comportamentos e preconceitos, Luísa Lobão Moniz falou sobre representações.
As representações sobre as pessoas começaram a ser estudadas porque as maiorias tinham uma maneira de se comportarem com as minorias”, esclareceu.
1895 é a data em que se começou a pensar em representações e em 1898 “Durkheim começou a falar de representações sociais”.
São os conceitos que temos de organizações e pessoas que fazem o nosso comportamento perante elas”, elucidou Luísa Lobão Moniz, avançando que a representação contempla 3 aspetos ou conteúdos: a informação, a atitude e o campo de representação.
As Representações Sociais não são imutáveis”, considerou, dando como exemplo que “a escola transmissiva foi dando lugar à escola construtiva e, pode-se, então, intuir que as representações de escola também foram mudando nos seus atores, nomeadamente nos alunos”.
Há também qual a representação que tenho de mim, afirmou. “Como sou perante estes preconceitos, eu aceito o que os outros dizem ou eu tento desmontá-los”. “O preconceito surge pela diferença”, mas “se todos formos eu e um bocadinho do outro é muito mais fácil nós vivermos como nós e não como eu e o outro”, avaliou.
A partir do momento em que está feita uma representação nós vamos criar situações que digam que a representação está certa”, concluiu.
Luísa Lobão Moniz deu também a conhecer os símbolos ciganos. Como o pentagrama que simboliza o Homem Integral ou a roda ou a chave que simboliza as soluções ou a ferradura que simboliza energia e sorte.
A finalizar a oradora apresentou um trabalho, um grande livro, feito nos anos 90, com um mediador cigano formado pela antiga Direcção do Ensino Básico do Ministério da Educação, que teve formação para ir para as escolas trabalhar com as famílias ciganas e com as famílias não ciganas. “Foi pedido aos meninos para que pensassem: o que é ser cigano”, introduziu. “E temos aqui alguns meninos que dizem… Cigano é como os outros. Eu gosto de ser cigano. Os ciganos gostam de cartas. Os casamentos são bonitos porque não são na rua. Têm ciganos bonitos. Quando for crescida quero usar roupas brilhantes. Quando morre uma pessoa cigana usa luto”. O livro tem também a opinião dos meninos não ciganos. “Ser cigano: uma raça diferente da nossa, 9 anos. Viver com mais necessidades, 9 anos. Viver em alegria, 10 anos. Ser negociante, 9 anos. Gostar de dançar, 12 anos. Andar de terra em terra, 9 anos”. E uma parte dedicada às diferenças e semelhanças. “O rapaz faz a barba e o cigano deixou crescer. O cigano está vestido de luto e o senhor não. Com esta idade o cigano usa chapéu. Todas as noivas vão muito bonitas para o casamento. Não conhecemos ciganas locutoras. As ciganas não usam fato de banho na praia, mas as outras senhoras usam. As ciganas não usam roupas transparentes”.
No debate falou-se das poucas referências nos manuais escolares à cultura cigana, do único livro de histórias sobre ciganos, do Pedro Sousa Tavares, e da estratégia nacional para a integração das comunidades ciganas, lançada em 2013 e que está disponível online.

Sofia Vilarigues

Publicado na Escola Informação de junho/julho de 2018

sexta-feira, 1 de junho de 2018


Não me odeies antes de me conheceres”
(Principezinho de Saint-Exupéry)

O Grupo Escola Intercultural organiza no dia 8 de junho (sexta-feira), pelas 17h00, uma sessão sobre crianças ciganas inseridas no sistema educativo português.

A Dra. Luísa Lobão Moniz fará a apresentação do seu trabalho de investigação sobre estas crianças, a partir de algumas reflexões sobre a comunidade cigana em Portugal:

Parece ser do consenso geral que é difícil conviver com pessoas ciganas. Mas de onde vem essa ideia?
Todos gostamos de ir às feiras porque os ciganos vendem mais barato. Mas quando chegamos a casa dizemos ‘os ciganos gostam mesmo de aldrabar’.
As crianças ciganas são um problema na escola, pois só querem bater e arranjar confusão.
O que importa é saber perceber o que é ser cigano no meio de uma sociedade maioritariamente não cigana.
Virar as páginas da história não é fácil nem para os ciganos nem para os não ciganos, mas é possível.”

Sendo um tema tão actual e sensível, convidamo-lo(a) a estar presente nesta sessão que se realizará na sede do SPGL, rua Fialho de Almeida,3
1070-128 Lisboa.
Agradecemos a sua inscrição prévia para Sílvia Baptista
Telemóvel: 914127589
Mail: silviabap@gmail.com


segunda-feira, 23 de abril de 2018

Quinta do Mocho, uma visita a repetir


O Grupo Escola Intercultural realizou, dia 21 de Abril, mais uma visita guiada à galeria de arte pública na Quinta do Mocho. Que incluiu, ainda, um encontro com o Projeto Esperança, financiado pelo Programa Escolhas, que trabalha com as crianças e jovens do bairro e um almoço num restaurante típico de comida africana.

À partida, nada parecia indiciar a riqueza dos momentos vividos nesse dia. Um grupo de participantes demasiado exíguo, uma chuva que parecia não querer dar tréguas. Mas foi uma visita especial. Mesmo para quem já tinha estado presente em outra(s). A confirmar de como as realidades vão mudando e se pode ter sempre também um novo olhar.
Num longo percurso pelas ruas do bairro, pudemos ouvir da nossa guia, a Ema, frente a cada uma das dezenas de obras de arte, um sem número de histórias vividas. Não apenas em torno dos significados e conteúdos da cada uma, técnicas utilizadas, algum elemento biográfico do artista – o que naturalmente é fundamental. Mas também histórias da interação entre os pintores e as pessoas da comunidade, histórias de como tudo foi sendo feito, como foi acontecendo.
Sem ignorar, pelo percurso, alguns dos problemas sentidos no bairro. É que, de par das belas pinturas que cobrem fachadas, temos as marcas de degradação e da má construção. De pouco cuidado e de respostas que falham. Revestimento de prédios com base em esferovite, portas inexistentes ou sem campainhas, ruas sem nome (o que nomeadamente coloca sérios problemas para qualquer ambulância que venha socorrer um morador), o parque infantil de há muito prometido, as caves fechadas que são foco de mosquitos pelo verão.
Pela tarde, houve a oportunidade de conhecer um pouco do importante trabalho desenvolvido pelo Projeto Esperança com crianças e jovens (até aos 30 anos). Desde as visitas, o apoio ao estudo, até a publicação de um jornal online. Ao mais difícil trabalho com jovens, em que o recurso ao desporto se tem revelado (ou confirmado) como essencial.
Uma visita a repetir. De preferência com grupos maiores. E que vale bem a pena. São outras realidades, outras perspetivas que se abrem para cada um de nós. E que no dia-a-dia passam ao lado.

Para saber mais:



Lígia Calapez

Publicado na Escola Informação de abril de 2018

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Encontros da Escola Intercultural


20/4/20176º Encontro - A Integração de Crianças Indianas na Escola Portuguesa: quem são e como aprendem. Dinamizada por Maria Helena Barreto, docente e investigadora

25/5/2017 7º Encontro - Como Lidar com a Diversidade. Que Caminhos Possíveis? Dinamizador Jorge Cardoso da Rede Educação para a Cidadania Global.

25/1/20188º Encontro - Um Olhar sobre a Quinta do Mocho. Dinamizador: Kedy Santos, dinamizador comunitário

domingo, 28 de janeiro de 2018

8º Encontro - Um Olhar sobre a Quinta do Mocho


SPGL - 25/1/2018

Dinamizador: Kedy Santos, mediador e dinamizador comunitário na Quinta do Mocho, Sacavém.
Kedy Santos é licenciado em Engenharia Química. Como mediador e dinamizador, participa no acompanhamento lúdico e pedagógico de jovens e famílias e na mediação de conflitos escolares e de bairro. Co-fundador e dirigente da associação de jovens AJEB. Formador da Academia Ubuntu. Membro do grupo de música Império Suburbano.

Arte e Interculturalidade – Mocho, do Bairro para o Mundo” foi o título da sessão dinamizada por Kedy Santos, mediador e dinamizador comunitário na Quinta do Mocho, Sacavém, e organizada pelo grupo Escola Intercultural do SPGL, que teve lugar no Espaço ABC, no SPGL, no passado dia 25 de Janeiro.
Kedy Santos deu a conhecer como é que o Bairro responde aos problemas que se levantam, muito particularmente através da arte e do movimento associativo.
A Quinta do Mocho é um bairro com 4 mil habitantes, pessoas de origem angolana, são-tomenses, cabo-verdianos, guineenses, luso descendentes”, introduziu.
Com o grupo de música Império Suburbano fizeram “encontros de música e discutíamos as letras com jovens que estudavam e jovens que estavam à margem da sociedade, e discutíamos problemas deles, nossos e do Bairro”. “A mudança começa em ti, é tema de uma música do nosso grupo, é um grupo que começou por um estilo de música hip-hop, mas nós reparámos que os jovens que faziam aquele estilo de música usavam muito a mensagem de morte, de violência, de coisas más, nós optámos por ir por um outro lado. Aparecemos na televisão. E foi aí que nos começámos a tornar mais referência”.
Kedy Santos integrou o Projeto Esperança, do Programa Escolhas, a Associação de Jovens Estrela do Bairro e a Academia Ubuntu. Recorda: “Nós começámos a influenciar os pais a apostarem na educação dos filhos. A perceberem que a educação é a maior arma que temos para combater a pobreza. Foi isso que ajudou a mudar o Bairro, a mudar a imagem do Bairro”.
A Câmara de Loures, juntamente com outras entidades, nomeadamente o Teatro Ibisco, decidiu criar uma galeria de arte urbana. Teve o seu início na Quinta da Fonte”, contou. “A Câmara decidiu fazer isto com o intuito de mudar a imagem do Bairro, mas as pessoas do Bairro diziam então muda-se a fachada, esquece-se do interior. Então nós, jovens do Bairro, começámos a fazer assembleias com os jovens para discutir os problemas do Bairro e optámos por fazer visitas guiadas ao Bairro. Com pessoas, com turistas, com funcionários da câmara, com universidades. Ao fim do primeiro ano, tivemos a visita de 1200 pessoas. Um bairro que, se entrava alguém de origem portuguesa, branca, dizia-se que ou era polícia, ou era assistente social ou ia comprar droga. Havia esse estigma. E nós começámos a meter muita gente lá dentro. Isso foi fundamental porque ajudou a quebrar barreiras”.

Sofia Vilarigues

Publicado na Escola Informação de janeiro de 2018