segunda-feira, 11 de junho de 2018

“O que é ser cigano”


O Grupo Escola Intercultural, promovido pelo SPGL, organizou no passado dia 8 de junho uma sessão sobre crianças ciganas inseridas no sistema educativo português, com Luísa Lobão Moniz.
Luísa Lobão Moniz tem um vasto currículo. Curso do Magistério Primário, licenciatura em Educação na área de Animação Sociocultural, mestrado em Relações Interculturais, doutoramento no ramo de Educação, na especialidade Educação/ Interculturalidade. Foi diretora e coordenadora de uma escola do 1ºciclo. Trabalhou os Direitos da Criança na Comissão de Protecção de Menores da Zona Oriental de Lisboa. Foi responsável pelo projeto Entreculturas e Coordenadora do projeto TEIP no Agrupamento de Escolas Damião de Góis. Membro do Conselho Pedagógico do Centro de Formação António Sérgio. Responsável pela elaboração, candidatura e concretização do projeto do Programa Escolhas para o Bairro do Armador em Chelas, Lisboa. Destacada no IAC/ SOS Criança, responsável pelo projeto “Bom dia, SOS Criança”. Foi ainda coordenadora do projeto “Ir à Escola”, para alunos de etnia cigana.
Os meninos ciganos são vítimas de uma representação que as pessoas têm”, afirmou a oradora a iniciar a sua apresentação.
Depois da passagem de um curto vídeo pondo em causa comportamentos e preconceitos, Luísa Lobão Moniz falou sobre representações.
As representações sobre as pessoas começaram a ser estudadas porque as maiorias tinham uma maneira de se comportarem com as minorias”, esclareceu.
1895 é a data em que se começou a pensar em representações e em 1898 “Durkheim começou a falar de representações sociais”.
São os conceitos que temos de organizações e pessoas que fazem o nosso comportamento perante elas”, elucidou Luísa Lobão Moniz, avançando que a representação contempla 3 aspetos ou conteúdos: a informação, a atitude e o campo de representação.
As Representações Sociais não são imutáveis”, considerou, dando como exemplo que “a escola transmissiva foi dando lugar à escola construtiva e, pode-se, então, intuir que as representações de escola também foram mudando nos seus atores, nomeadamente nos alunos”.
Há também qual a representação que tenho de mim, afirmou. “Como sou perante estes preconceitos, eu aceito o que os outros dizem ou eu tento desmontá-los”. “O preconceito surge pela diferença”, mas “se todos formos eu e um bocadinho do outro é muito mais fácil nós vivermos como nós e não como eu e o outro”, avaliou.
A partir do momento em que está feita uma representação nós vamos criar situações que digam que a representação está certa”, concluiu.
Luísa Lobão Moniz deu também a conhecer os símbolos ciganos. Como o pentagrama que simboliza o Homem Integral ou a roda ou a chave que simboliza as soluções ou a ferradura que simboliza energia e sorte.
A finalizar a oradora apresentou um trabalho, um grande livro, feito nos anos 90, com um mediador cigano formado pela antiga Direcção do Ensino Básico do Ministério da Educação, que teve formação para ir para as escolas trabalhar com as famílias ciganas e com as famílias não ciganas. “Foi pedido aos meninos para que pensassem: o que é ser cigano”, introduziu. “E temos aqui alguns meninos que dizem… Cigano é como os outros. Eu gosto de ser cigano. Os ciganos gostam de cartas. Os casamentos são bonitos porque não são na rua. Têm ciganos bonitos. Quando for crescida quero usar roupas brilhantes. Quando morre uma pessoa cigana usa luto”. O livro tem também a opinião dos meninos não ciganos. “Ser cigano: uma raça diferente da nossa, 9 anos. Viver com mais necessidades, 9 anos. Viver em alegria, 10 anos. Ser negociante, 9 anos. Gostar de dançar, 12 anos. Andar de terra em terra, 9 anos”. E uma parte dedicada às diferenças e semelhanças. “O rapaz faz a barba e o cigano deixou crescer. O cigano está vestido de luto e o senhor não. Com esta idade o cigano usa chapéu. Todas as noivas vão muito bonitas para o casamento. Não conhecemos ciganas locutoras. As ciganas não usam fato de banho na praia, mas as outras senhoras usam. As ciganas não usam roupas transparentes”.
No debate falou-se das poucas referências nos manuais escolares à cultura cigana, do único livro de histórias sobre ciganos, do Pedro Sousa Tavares, e da estratégia nacional para a integração das comunidades ciganas, lançada em 2013 e que está disponível online.

Sofia Vilarigues

Publicado na Escola Informação de junho/julho de 2018

sexta-feira, 1 de junho de 2018


Não me odeies antes de me conheceres”
(Principezinho de Saint-Exupéry)

O Grupo Escola Intercultural organiza no dia 8 de junho (sexta-feira), pelas 17h00, uma sessão sobre crianças ciganas inseridas no sistema educativo português.

A Dra. Luísa Lobão Moniz fará a apresentação do seu trabalho de investigação sobre estas crianças, a partir de algumas reflexões sobre a comunidade cigana em Portugal:

Parece ser do consenso geral que é difícil conviver com pessoas ciganas. Mas de onde vem essa ideia?
Todos gostamos de ir às feiras porque os ciganos vendem mais barato. Mas quando chegamos a casa dizemos ‘os ciganos gostam mesmo de aldrabar’.
As crianças ciganas são um problema na escola, pois só querem bater e arranjar confusão.
O que importa é saber perceber o que é ser cigano no meio de uma sociedade maioritariamente não cigana.
Virar as páginas da história não é fácil nem para os ciganos nem para os não ciganos, mas é possível.”

Sendo um tema tão actual e sensível, convidamo-lo(a) a estar presente nesta sessão que se realizará na sede do SPGL, rua Fialho de Almeida,3
1070-128 Lisboa.
Agradecemos a sua inscrição prévia para Sílvia Baptista
Telemóvel: 914127589
Mail: silviabap@gmail.com