O
Grupo Escola Intercultural realizou, dia 21 de Abril, mais uma visita
guiada à galeria de arte pública na Quinta do Mocho. Que incluiu,
ainda, um encontro com o Projeto Esperança, financiado pelo Programa
Escolhas, que trabalha com as crianças e jovens do bairro e um
almoço num restaurante típico de comida africana.
À
partida, nada parecia indiciar a riqueza dos momentos vividos nesse
dia. Um grupo de participantes demasiado exíguo, uma chuva que
parecia não querer dar tréguas. Mas foi uma visita especial. Mesmo
para quem já tinha estado presente em outra(s). A confirmar de como
as realidades vão mudando e se pode ter sempre também um novo
olhar.
Num
longo percurso pelas ruas do bairro, pudemos ouvir da nossa guia, a
Ema, frente a cada uma das dezenas de obras de arte, um sem número
de histórias vividas. Não apenas em torno dos significados e
conteúdos da cada uma, técnicas utilizadas, algum elemento
biográfico do artista – o que naturalmente é fundamental. Mas
também histórias da interação entre os pintores e as pessoas da
comunidade, histórias de como tudo foi sendo feito, como foi
acontecendo.
Sem
ignorar, pelo percurso, alguns dos problemas sentidos no bairro. É
que, de par das belas pinturas que cobrem fachadas, temos as marcas
de degradação e da má construção. De pouco cuidado e de
respostas que falham. Revestimento de prédios com base em
esferovite, portas inexistentes ou sem campainhas, ruas sem nome (o
que nomeadamente coloca sérios problemas para qualquer ambulância
que venha socorrer um morador), o parque infantil de há muito
prometido, as caves fechadas que são foco de mosquitos pelo verão.
Pela
tarde, houve a oportunidade de conhecer um pouco do importante
trabalho desenvolvido pelo Projeto Esperança com crianças e jovens
(até aos 30 anos). Desde as visitas, o apoio ao estudo, até a
publicação de um jornal online. Ao mais difícil trabalho com
jovens, em que o recurso ao desporto se tem revelado (ou confirmado)
como essencial.
Uma
visita a repetir. De preferência com grupos maiores. E que vale bem
a pena. São outras realidades, outras perspetivas que se abrem para
cada um de nós. E que no dia-a-dia passam ao lado.
Para
saber mais:
Lígia Calapez
Publicado na Escola Informação de abril de 2018