segunda-feira, 23 de abril de 2018

Quinta do Mocho, uma visita a repetir


O Grupo Escola Intercultural realizou, dia 21 de Abril, mais uma visita guiada à galeria de arte pública na Quinta do Mocho. Que incluiu, ainda, um encontro com o Projeto Esperança, financiado pelo Programa Escolhas, que trabalha com as crianças e jovens do bairro e um almoço num restaurante típico de comida africana.

À partida, nada parecia indiciar a riqueza dos momentos vividos nesse dia. Um grupo de participantes demasiado exíguo, uma chuva que parecia não querer dar tréguas. Mas foi uma visita especial. Mesmo para quem já tinha estado presente em outra(s). A confirmar de como as realidades vão mudando e se pode ter sempre também um novo olhar.
Num longo percurso pelas ruas do bairro, pudemos ouvir da nossa guia, a Ema, frente a cada uma das dezenas de obras de arte, um sem número de histórias vividas. Não apenas em torno dos significados e conteúdos da cada uma, técnicas utilizadas, algum elemento biográfico do artista – o que naturalmente é fundamental. Mas também histórias da interação entre os pintores e as pessoas da comunidade, histórias de como tudo foi sendo feito, como foi acontecendo.
Sem ignorar, pelo percurso, alguns dos problemas sentidos no bairro. É que, de par das belas pinturas que cobrem fachadas, temos as marcas de degradação e da má construção. De pouco cuidado e de respostas que falham. Revestimento de prédios com base em esferovite, portas inexistentes ou sem campainhas, ruas sem nome (o que nomeadamente coloca sérios problemas para qualquer ambulância que venha socorrer um morador), o parque infantil de há muito prometido, as caves fechadas que são foco de mosquitos pelo verão.
Pela tarde, houve a oportunidade de conhecer um pouco do importante trabalho desenvolvido pelo Projeto Esperança com crianças e jovens (até aos 30 anos). Desde as visitas, o apoio ao estudo, até a publicação de um jornal online. Ao mais difícil trabalho com jovens, em que o recurso ao desporto se tem revelado (ou confirmado) como essencial.
Uma visita a repetir. De preferência com grupos maiores. E que vale bem a pena. São outras realidades, outras perspetivas que se abrem para cada um de nós. E que no dia-a-dia passam ao lado.

Para saber mais:



Lígia Calapez

Publicado na Escola Informação de abril de 2018