SPGL
- 25/1/2018
Dinamizador:
Kedy Santos, mediador e dinamizador comunitário na Quinta do Mocho,
Sacavém.
Kedy
Santos é licenciado em Engenharia Química. Como mediador e
dinamizador, participa no acompanhamento lúdico e pedagógico de
jovens e famílias e na mediação de conflitos escolares e de
bairro. Co-fundador e dirigente da associação de jovens AJEB.
Formador da Academia Ubuntu. Membro do grupo de música Império
Suburbano.
“Arte
e Interculturalidade – Mocho, do Bairro para o Mundo” foi
o título da sessão dinamizada por Kedy Santos, mediador e
dinamizador comunitário na Quinta do Mocho, Sacavém, e organizada
pelo grupo Escola Intercultural do SPGL, que teve lugar no
Espaço ABC, no SPGL, no
passado dia 25 de Janeiro.
Kedy
Santos deu a conhecer como é que o Bairro responde aos problemas que
se levantam, muito particularmente através da arte e do movimento
associativo.
“A
Quinta do Mocho é um bairro com 4 mil habitantes, pessoas de origem
angolana, são-tomenses, cabo-verdianos, guineenses, luso
descendentes”, introduziu.
Com
o grupo de música Império Suburbano fizeram “encontros de música
e discutíamos as letras com jovens que estudavam e jovens que
estavam à margem da sociedade, e discutíamos problemas deles,
nossos e do Bairro”. “A
mudança começa em ti,
é tema de uma música do nosso grupo, é um grupo que começou por
um estilo de música hip-hop, mas nós reparámos que os jovens que
faziam aquele estilo de música usavam muito a mensagem de morte, de
violência, de coisas más, nós optámos por ir por um outro lado.
Aparecemos na televisão. E foi aí que nos começámos a tornar mais
referência”.
Kedy
Santos integrou o Projeto Esperança, do Programa Escolhas, a
Associação de Jovens Estrela do Bairro e a Academia Ubuntu.
Recorda: “Nós começámos a influenciar os pais a apostarem na
educação dos filhos. A perceberem que a educação é a maior arma
que temos para combater a pobreza. Foi isso que ajudou a mudar o
Bairro, a mudar a imagem do Bairro”.
“A
Câmara de Loures, juntamente com outras entidades, nomeadamente o
Teatro Ibisco, decidiu criar uma galeria de arte urbana. Teve o seu
início na Quinta da Fonte”, contou. “A Câmara decidiu fazer
isto com o intuito de mudar a imagem do Bairro, mas as pessoas do
Bairro diziam então
muda-se a fachada, esquece-se do interior.
Então nós, jovens do Bairro, começámos a fazer assembleias com os
jovens para discutir os problemas do Bairro e optámos por fazer
visitas guiadas ao Bairro. Com pessoas, com turistas, com
funcionários da câmara, com universidades. Ao fim do primeiro ano,
tivemos a visita de 1200 pessoas. Um bairro que, se entrava alguém
de origem portuguesa, branca, dizia-se que ou era polícia, ou era
assistente social ou ia comprar droga. Havia esse estigma. E nós
começámos a meter muita gente lá dentro. Isso foi fundamental
porque ajudou a quebrar barreiras”.
Sofia Vilarigues
Publicado na Escola Informação de janeiro de 2018