“Apreciar
aquilo que é bom”, é o significado, em crioulo, de Sabura, o
projeto do Moinho da Juventude, Cova da Moura, que se propõe mostrar
que “a realidade é bem diferente da estigmatizada pela comunicação
social que confunde acontecimentos pontuais e fraturantes com um
quotidiano e vivências normais”.
Foi
isso mesmo que vivenciaram as três dezenas de professores que, dia 4
de março, participaram numa visita organizada pelo Grupo Escola
Intercultural, do SPGL. Uma deambulação – em visita guiada –
pelas ruas deste bairro auto-construído, que foi surgindo com o 25
de abril, e que se afirmou através de um processo de fortes e
quotidianas interações sociais (o
“Djunta Mo” - i.e. o
juntar das mãos).
Aí
houve oportunidade de contato – superficial embora – com as
realidades do bairro. De um pequeno bar de encontro-convívio (onde a
música e a dança são presença “de rotina”, dando espaço a
toda a gente) e onde até aconteceram cantigas de improviso, ao
almoço de cachupa (que é de aconselhar!).
Dois momentos altos –
muito diversos. Um espetáculo – inesquecível – do grupo de
batuque Finka-Pé, com que encerrou a visita. O encontro, no Moinho
da Juventude, com peritos
de experiência do
bairro (conceito que abarca quem “adquiriu
a sua autoridade na base da sua experiência e não na base da
aquisição sistemática de conhecimentos”) e Godelieve
Meersschaert, que todos conhecem por Lieve, e que está na raiz da
criação do Moinho da Juventude. Momento em que houve oportunidade
de conhecer um pouco da história do bairro, das lutas que
percorreram e enformaram essa história, mantendo, em vários casos,
toda a sua atualidade. E, ainda, dos princípios que norteiam toda a
atividade da associação – as Traves Mestras: Interculturalidade;
Comunicação; Gender; Respeitar as Convicções; Cooperação;
Empowerment;
Meio Ambiente; Criatividade; Persistência; Qualidade; Eficiência e
Eficácia; Ser Solidário.
Lígia Calapez